sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Cecília Meireles


Influenciada pelo lirismo português e as produções parnasianas e principalmente simbolistas, Cecília Meireles produziu uma obra de rara beleza e musicalidade. As experiências de sua vida, em especial as mortes ocorridas na família, contribuiram para que as coisas do mundo fossem vistas por ela como fugazes e transitórias, levando-a a valorizar as coisas eternas.
Cecília ocupa lugar dissonante dentro da literatura modernista brasileira. Pertencendo à segunda geração modernista, sua obra destoa da época pelo grau de lusitanismo presente em seus textos.
Da mesma forma, sua obra está fortemente ligada ao Simbolismo, grande influência sofrida por ela desde os primeiros anos.
Juntando seu talento à fala voltada ao lusitanismo e o alto rigor formal do Simbolismo, fez com que ela produzisse textos com qualidades líricas de rara beleza.
Em boa parte de seus textos, a poeta deixa perceber uma atmosfera que nos faz lembrar do lirismo trovadoresco, produzido durante a Baixa Idade Média Ibérica. Dessa linha, uma outra questão que chama atenção é a efemeridade dada às coisas. Sua poesia gira, quase sempre, ao redor de elementos instáveis, etéreos.
Dessa fugacidade dos elementos derivam-se algumas das características mais importantes da poesia dela: o sonho e a solidão do ser humano; a fugacidade do tempo, que descamba em melancolia. Juntando esses elementos, temos uma das grandes linhas temáticas de Cecília: a falta de sentido da existência humana.
Sem deixar o lirismo, Cecília trabalhou também temas históricos e sociais, como é o caso de Romanceiro da Inconfidência.